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FRANCISCO DE TERRAZAS
(c. 1525-1600)
Poeta plenamente renascentista - influeciado por Gutierre de Cetina - toca todos os temas petrarquistas e platônicos próprios do século XVI nas formas métricas e naturalizadas por Garcilaso de la Vega.
Dois detalhes; foi o primeiro poeta hispanoamericanl de nome conhecido; sua fama chegou ao mesmo Cervantes, que o cita em La Galatea.
TEXTO EN ESPAÑOL y/e TEXTO EM PORTUGUÊS
¡AY, BASAS DE MARFIL, VIVO EDIFICIO
¡Ay, basas de marfil, vivo edificio
obrado del artífice del cielo,
columnas de alabastro que en el suelo
nos dais del bien supremo claro indicio!
¡Hermosos capiteles y artificio
del arco que aun de mí me pone celo!
¡Altar donde el tirano dios mozuelo
hiciera de sí mismo sacrificio!
¡Ay, puerta de la gloria de Cupido,
y puerta de la flor más estimada
de cuantas en el mundo son ni han sido!
Sepamos hasta cuándo estáis cerrada
y el cristalino cielo es defendido
a quien jamás gustó fruta vedada.
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PILARES DE MARFIM, VIVO EDIFÍCIO
Pilares de marfim, vivo edifício
que o artífice criou do firmamento,
colunas de alabastro e de portento
que dais do bem supremo claro indício!
Formosos capitéis, belo artifício
do arco que até de mim me põe ciumento!
Altar em que o menino deus cruento¹
fizera de si mesmo sacrifício!
Ai, pórtico da glória de Cupido,
e pórtico da flor mais estimada
de quantas neste mundo tem havido!
Oh! saber até quando estais fechada
e o cristalino céu é defendido
a quem jamais provou fruta vedada!² |
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1. Cruel; mas cruento, no contexto, se presta a fecundo equívoco.
2. Alternativa:
Até quando estareis assim fechada
e o cristalino céu será proibido
a quem jamais provou fruta vedada? |
DEJAD LAS HEBRAS DE ORO ENSORTIJADO
Dejad las hebras de oro ensortijado
que el ánima me tienen enlazada,
y volved a la nieve no pisada
lo blanco de esas rosas matizado.
Dejad las perlas y el coral preciado
de que esa boca está tan adornada;
y al cielo -de quien sois tan envidiada-
volved los soles que le habéis robado.
La gracia y discreción que muestra han sido
del gran saber del celestial maestro,
volvédselo a la angélica natura.
Y todo aquesto así restituido,
veréis que lo que os queda es próprio vuestro:
ser áspera, cruel, ingrata y dura.
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ESSAS FIBRAS DEIXAI DE OURO FRISADO
Essas fibras deixai de ouro frisado
que minha alma me têm aprisionada,
e devolvei à neve não pisada
o branco dessas rosas matizado.
As perlas e o coral apreciado
de que essa boca está tão adornada
deixai, e ao céu -de quem sois invejada-
os sóis tornai que lhes haveis roubado.
A graça e discrição que o desmedido
saber do mestre celestial atesta,
reintegrai-o à angélica natura.
E tudo aquilo assim restituído,
vereis que toda estais no que vos resta:
ser áspera, cruel, ingrata e dura. |
TEXTOS EN ESPAÑOL
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA HISPANOAMERICANA. Org. José María Gómez Luque. 4ª. reimpresión. Madrid: Editorial Alba, 1999. 192 p. ISBN 84-7567-072-5
N. 09 474 Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
SONETO
Soñé que de una peña me arrojaba
quien mi querer sujeto a sí tenía,
y casi ya en la boca me cogía
una fiera que abajo me esperaba.
Yo, con temor, buscando procuraba
de dónde con las manos me tendría,
y el filo de una espada la una asía
y en una yerbezuela la otra hincaba.
La yerba a más andar la iba arrancando,
la espada a mí la mano deshaciendo,
yo más sus vivos filos apretando…
¡Oh mísero de mí, qué mal me entiendo,
pues huelgo verme estar despedazando
de miedo de acabar mi mal muriendo!
A UNA DAMA QUE DESPABILÓ
UNA VELA CON LOS DEDOS
El que es de algún peligro escarmentado,
suele temerle más que quien lo ignora;
por eso temí el fuego en vos, señora,
cuando de vuestros dedos fue tocado.
Mas, ¿viste qué temor tan excusado
del daño que os hará la vela agora?
Si no os ofende el vivo que en mí mora,
¿cómo os podrá ofender luego pintado?
Prodigio es de mi daño, Dios me guarde
ver al pabilo en fuego consumido,
y acudirle al remedio vos tan tarde:
Señal de no esperar ser socorrido
el mísero que en fuego por vos arde,
hasta que esté en ceniza convertido.
TRADUÇÃO EM PORTUGUÊS
À SENHORA QUE RESPIRA
UMA VELA COM OS DEDOS
Quem aprendeu com algum perigo,
geralmente o teme mais do que quem o ignora;
por isso temi o fogo em ti, senhora,
quando foi tocado pelos teus dedos.
Mas, viste como era injustificado o meu medo
do mal que a vela te fará agora?
Se a coisa viva que habita em mim não te faz
mal,
como poderá te fazer mal depois, quando
pintada?
É uma maravilha do meu mal, Deus me livre,
ver o pavio consumido pela chama,
e tu vires em seu auxílio tão tarde:
um sinal de que o miserável que arde em chamas por ti não deve esperar ser ajudado,
até que seja reduzido a cinzas.
SONETO
Sonhei que fui atirado de um penhasco
por aquele que mantinha meu amor cativo,
e quase na boca fui agarrado
por uma fera que me aguardava lá embaixo.
Eu, com medo, tentei encontrar
onde pudesse me agarrar com as mãos,
e agarrei a lâmina de uma espada
e cravei a outra em uma folha de grama.
Quanto mais eu caminhava, mais arrancava a
grama,
a espada desfazendo minha mão,
quanto mais eu pressionava suas lâminas afiadas…
Oh, miserável de mim, como me entendo mal,
pois me alegro em me ver sendo dilacerado
pelo medo de acabar com meu sofrimento pela
morte!
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Página publicada em novembro de 2025
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